domingo, agosto 13, 2006


ANTÓNIO DE SPÍNOLA MORREU HÁ 10 ANOS

Admirado por uns, odiado por outros, acabou por ser considerado um bom militar mas um mau político. Ó golpe militar de 25 de Abril de 1974 foi busca-lo para se tornar no rosto de um golpe militar sem rosto.

Demitido no início de 1974, por ter recusado a participar numa manifestação de apoio ao regime de Marcello Caetano, foi o general Spínola que o Movimento das Forças Armadas escolheu para presidente da Junta de Salvação Nacional e para receber a rendição de Marcello Caetano na tarde de 25 de Abril. Em Maio, foi proclamado Presidente da República.

Com um país em revolução e com o PCP em ascendente, o general que resistiu à descolonização demitindo-se a 30 de Setembro, dois dias depois da projectada manifestação da “maioria silenciosa” que o MFA, com o apoio dos comunistas e dos socialistas, desmantelou com barricadas à entrada de Lisboa e nas estradas de Setúbal e Alentejo .
António de Spínola demite-se com um discurso dramático, dizendo que sai para “não colaborar na destruição do país”. Spínola vive os meses seguintes “refugiado” na sua quinta de Massamá, nos arredores de Lisboa, e a participação no golpe de 11 de Março de 1975 obriga-o a uma fuga precipitada para Espanha. È demitido do Exército e exila-se no Brasil. O general, que confessou em 1987 nunca ter tido a “menor inclinação para a vida política”, só regressou a Portugal após o 25 de Novembro de 1975.

Longe da ribalta da política, António de Spínola recebeu o bastão de marechal, a mais alta patente das Forças Armadas. A 6 de Novembro de 1991, Mário Soares, Presidente da República, nomeara-o chanceler das ordens militares, tendo, também, sido condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada (a maior insígnia militar portuguesa), pelos «feitos de heroísmo militar e cívico e por ter sido símbolo da Revolução de Abril e o primeiro Presidente da República após o golpe militar de 1974. Recebeu também a distinção de marechal do exército português.

UMA VIDA DEDICADA AO EXÉRCITO

António Sebastião Ribeiro de Spínola nasceu a 11 de Abril de 1910, em Estremoz. Entrou com dez anos no Colégio Militar, em Lisboa, subiu todos os degraus da carreira militar e quando morreu, aos 86 anos, há dez anos, a 13 de Agosto de 1996, era marechal.
Com uma carreira militar brilhante, serviu em diversos regimentos de Cavalaria e também na GNR, foi colocado em Angola de 1961 a 1964, e chegou a governador e comandante das forças armadas da Guiné, em Maio de 1968, prometendo acabar com a guerrilha do PAIGC, que lutava pela independência.
Após ter promovido um desembarque frustrado em Conacri, em 1970, para derrubar o regime do então presidente da República Guineense, Sekou Touré, e de se terem gorado as negociações com sectores do PAICG, recusou, em Setembro de 1973, a sua recondução no cargo. António de Spínola evocou a “falta de apoio do Governo central para o prosseguimento da sua política de crescente comparticipação das massas africanas num processo evolutivo para a sua autodeterminação, com vista à edificação de uma alargada comunidade afro-luso-brasileira”.
De regresso a Lisboa, foi empossado como vice-chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas e em 1974 publicou «Portugal e o Futuro», um livro que abalou o regime, em que defendia uma solução política para a guerra colonial.

"A PÁTRIA HONRAI QUE A PÁTRIA VOS CONTEMPLA"

Quer queiramos, quer não, António de Spínola foi (é) uma figura da história contemporânea portuguesa.
Pessoalmente, tenho por ele uma enorme admiração como militar. Como político, penso que tenha sido “um político à força”, com ideias muito válidas sobre a problemática ultramarina, mas que nunca soube encontrar os melhores caminhos para as impor. Spínola, nunca soube distinguir a arte e as tácticas militares da arte e das tácticas politicas. Spínola, confundiu sempre o militarismo com a política.

Contudo, não deixo de lhe prestar as minhas homenagens como militar, que ficará na nossa história por ter tido a coragem politica de dizer não às ambiguidades marcelistas e por ter sido um combatente feroz conta as investidas de sovietização de Portugal.
Que Spínola sempre colocou a Pátria, e o dever para com ela, em primeiro lugar, isso, ninguém tenha dúvidas. Que Spínola só prestigiou a instituição militar, isso, também ninguém tenha dúvidas.
Descansa em paz, grande guerreiro!
Manuel Abrantes

Comentários:
Em traços gerais,essa é também a minha opinião.
O estilo prussiano do Marechal nunca se coadunou com as nuances politicas.
 
Sempre muito atento estadonovissimo.
Parabens pelo trabalho publicado.
Trabalho isento.
 
Marchal António Spínola foi uma referência de homem militar e de grande lider nesse campo.
Como politico, concordo com o autor do texto: "Spínola, confundiu sempre o militarismo com a política".
 
Gostei de saber que ainda há alguém que relembre esta grande figura de militar.
Somos um Povo com memória curta. Aliás, é assim que nos incutem desde a abrilada.
Fico feliz por saber que ainda há os que resistem e que "gritam no meio da multidão".
 
Alguém me pode informar se por volta de 1994/1995 Spinola ainda vivia em Massamá?
Podem não acreditar, mas tenho quase a certeza que o cheguei a ver por essa altura!
 
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