quinta-feira, abril 26, 2007


UM LIVRINHO PARA COMBATER A CORRUPÇÃO


Desde os anos oitenta que o Estatuto Disciplinar dos Funcionários Públicos obriga os trabalhadores do Estado ao dever de isenção que consiste "em não retirar vantagens directas ou indirectas, pecuniárias ou outras, das funções que exerce, actuando com independência em relação aos interesses e pressões particulares de qualquer índole".

O governo lançou agora um guia de combate à corrupção, alertando os cidadãos e os funcionários públicos para esta realidade quotidiana. Até aqui tudo bem. Mas, o guia esclarecedor aconselha, também, a denúncia por parte dos cidadãos aos casos de corrupção.

Lá vamos ter as cartas anónimas a levantar suspeitas com o aconselhamento ao cidadão para se tornar bufo do funcionalismo público.
Como disse ao DN a sindicalista Ana Avoila nem o momento é oportuno, nem o meio é eficaz. "Não é com guias que se resolve este tipo de problemas". E dispara: "Não tenho dúvidas de que a iniciativa se destina a manchar uma vez mais a imagem dos funcionários públicos."

O combate à corrupção é um deve das instituições. O combate à corrupção começa dentro do próprio Estado e dos seus servidores. O combate à corrupção começa pelos políticos eleitos e pelos que são nomeados para cargos público. O combate à corrupção começa pelo próprio sistema.
Não é transformando cidadãos em bufos do tipo pidesco que se combate tal flagelo.
E mais:
Isto pode ferir muita gente, mas…
Quando se atira os funcionários públicos para a classe dos que só têm dinheiro para sustentar a família até ao meio do mês, não podem esperar outra coisa do que as tentações do suborno. Quando se tenta incutir na opinião pública que o funcionário público é o culpado de todos os males provocados nas finanças do Estado o orgulho de pertencer a esta classe foi para o caixote do lixo. E, quando o orgulho profissional vai para a lixeira e o dinheiro não chega para sustentar a família, nada mais resta do que o “salve-se quem puder”. È mais uma república das bananas no mundo do oportunismo.

A corrupção combate-se com a dignidade de quem sabe estar e servir o Estado e, isto, tem de começar logo pela classe política. O exemplo tem de partir de cima.
Manuel Abrantes

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