sábado, junho 09, 2007
FLEXIGURANÇA ?
SERIA POSSÍVEL SE NÃO TIVESSEMOS PATRÕES A MAIS E EMPRESÁRIOS A MENOS
O ministro do Trabalho, Vieira da Silva, disse – penso que no inicio deste ano - na abertura do Seminário Flexigurança no Contexto Europeu que “a OCDE , durante mais de uma década, permaneceu fiel a uma estratégia que acolhia boa parte das propostas centradas na liberalização dos mercados de trabalho, acaba de reconhecer que existe uma alternativa a essa sua proposta, e que é, precisamente, a estratégia da flexigurança que, durante mais de uma década, permaneceu fiel a uma estratégia que acolhia boa parte das propostas centradas na liberalização dos mercados de trabalho”.
Por seu turno, Poul Rasmussen, que foi primeiro-ministro da Dinamarca entre 1993 e 2001 e que actualmente preside ao Partido Socialista Europeu, e que foi o homem que pôs em prática o primeiro modelo de flexigurança, esteve em Portugal na semana passada e deixou um recado : - os jovens actuais têm de se habituar à ideia de que vão ter 20 a 30 empregos diferentes.
O líder político relembrou que “o trabalhador médio na Dinamarca muda de emprego 15 a 20 vezes”.
Poul Rasmussen pode ter tido muito sucesso, lá pela Dinamarca, com a flexigurança. Só que a realidade portuguesa, nos mercados de trabalho, nada têm a ver com a dos países nórdicos. Aqui, quem vai para o desemprego pode levar anos a encontrar outro e, na maioria dos casos, o que encontra é apenas aquilo que se intitula de “desenrasca”.
Este chavão a que dão o nome de flexigurança não passa de uma tentativa de liberalização do mercado de emprego . Ou seja: uma flexibilização nas relações laborais. Os vínculos tradicionais entre empregador e empregado passam a ser flexíveis, permitindo que cada um deles rescinda quando quiser e entender.
Portugal tem sido um aprendiz atento às novidades dos países europeus. Só que, quando tenta impor as experiências realizadas em países mais desenvolvidos, fá-lo como se fosse um modelo de pronto-a-vestir.
Para que a liberalização do emprego tenha sucesso é necessário que exista uma procura de mão-de-obra superior à oferta. O que não é o caso português.
Para muitos, a flexigurança é um meio de criar posto de trabalho. Ou seja, liberalizando os vínculos contratuais passa a existir um maior número de ofertas laborais.
Teoricamente isto seria uma hipótese. Mas, para isso, as empresas tinham de crescer nos mercados. E, para crescer nos mercados, só há um meio: conquistar novos mercados !
E, para conquistar novos mercados, só há um meio : introdução e penetração nos mercados internacionais!
As esmagadora maioria das empresas portuguesas está virada, meramente, para o mercado interno. Os mercados externos necessitam de um grande dinamismo empresarial. E, é isso, o que falta à esmagadora maioria dos nossos empresários.
Portugal tem patrões a mais e empresários a menos.
A flexigurança não passará de uma forma de despedimentos mais facilitada, trazendo apenas benefícios para os empregadores.
Não irá contribuir para o desenvolvimento das empresas e irá colocar mais uns milhares de trabalhadores no desemprego, com os encargos inerentes por parte do Estado.
À flexigurança não direi um não definitivo. Mas, no momento actual, só um louco poderia defender tal coisa.
Claro! Os patrões defendem. Não por encararem isso como uma forma para o desenvolvimento da suas empresas, mas como uma “aspirina” para a dor de cabeça dos contratos de trabalho.
Manuel Abrantes
SERIA POSSÍVEL SE NÃO TIVESSEMOS PATRÕES A MAIS E EMPRESÁRIOS A MENOS
O ministro do Trabalho, Vieira da Silva, disse – penso que no inicio deste ano - na abertura do Seminário Flexigurança no Contexto Europeu que “a OCDE , durante mais de uma década, permaneceu fiel a uma estratégia que acolhia boa parte das propostas centradas na liberalização dos mercados de trabalho, acaba de reconhecer que existe uma alternativa a essa sua proposta, e que é, precisamente, a estratégia da flexigurança que, durante mais de uma década, permaneceu fiel a uma estratégia que acolhia boa parte das propostas centradas na liberalização dos mercados de trabalho”.
Por seu turno, Poul Rasmussen, que foi primeiro-ministro da Dinamarca entre 1993 e 2001 e que actualmente preside ao Partido Socialista Europeu, e que foi o homem que pôs em prática o primeiro modelo de flexigurança, esteve em Portugal na semana passada e deixou um recado : - os jovens actuais têm de se habituar à ideia de que vão ter 20 a 30 empregos diferentes.
O líder político relembrou que “o trabalhador médio na Dinamarca muda de emprego 15 a 20 vezes”.
Poul Rasmussen pode ter tido muito sucesso, lá pela Dinamarca, com a flexigurança. Só que a realidade portuguesa, nos mercados de trabalho, nada têm a ver com a dos países nórdicos. Aqui, quem vai para o desemprego pode levar anos a encontrar outro e, na maioria dos casos, o que encontra é apenas aquilo que se intitula de “desenrasca”.
Este chavão a que dão o nome de flexigurança não passa de uma tentativa de liberalização do mercado de emprego . Ou seja: uma flexibilização nas relações laborais. Os vínculos tradicionais entre empregador e empregado passam a ser flexíveis, permitindo que cada um deles rescinda quando quiser e entender.
Portugal tem sido um aprendiz atento às novidades dos países europeus. Só que, quando tenta impor as experiências realizadas em países mais desenvolvidos, fá-lo como se fosse um modelo de pronto-a-vestir.
Para que a liberalização do emprego tenha sucesso é necessário que exista uma procura de mão-de-obra superior à oferta. O que não é o caso português.
Para muitos, a flexigurança é um meio de criar posto de trabalho. Ou seja, liberalizando os vínculos contratuais passa a existir um maior número de ofertas laborais.
Teoricamente isto seria uma hipótese. Mas, para isso, as empresas tinham de crescer nos mercados. E, para crescer nos mercados, só há um meio: conquistar novos mercados !
E, para conquistar novos mercados, só há um meio : introdução e penetração nos mercados internacionais!
As esmagadora maioria das empresas portuguesas está virada, meramente, para o mercado interno. Os mercados externos necessitam de um grande dinamismo empresarial. E, é isso, o que falta à esmagadora maioria dos nossos empresários.
Portugal tem patrões a mais e empresários a menos.
A flexigurança não passará de uma forma de despedimentos mais facilitada, trazendo apenas benefícios para os empregadores.
Não irá contribuir para o desenvolvimento das empresas e irá colocar mais uns milhares de trabalhadores no desemprego, com os encargos inerentes por parte do Estado.
À flexigurança não direi um não definitivo. Mas, no momento actual, só um louco poderia defender tal coisa.
Claro! Os patrões defendem. Não por encararem isso como uma forma para o desenvolvimento da suas empresas, mas como uma “aspirina” para a dor de cabeça dos contratos de trabalho.
Manuel Abrantes
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