sábado, julho 28, 2007


O PARAÍSO BANCÁRIO
4,755 MILHÕES DE EUROS DE LUCROS AO DIA

867,8 milhões de euros foi o lucro obtido, nos primeiros seis meses deste ano, pelos três maiores bancos portugueses: o BES o BCP e o BPI. Ou seja: 4,755 milhões de euros por dia.
O BES foi o que obteve um maior lucro: 366,8 milhões de euros em seis meses. O BCP, 307,9 milhões e o BPI: 193,1 milhões de euros.
E estamos a falar, apenas, nos primeiros seis meses deste ano.

Que as empresas e as instituições financeiras existam para dar lucro, isso, ninguém tem dúvidas e foi para isso que se formaram. Ninguém tenha a noção que uma instituição financeira, ou uma empresa, é criada tendo em vista, apenas, o beneficio social.
Não são obras de caridade.
Mas, há aqui qualquer coisa que não bate certo, tendo em conta a situação socio-económica em Portugal.
Num País que atravessa uma crise empresarial e o endividamento familiar, como é que a banca possuiu lucros abusivos como estes?

Quando assistimos, diariamente, aos encerramentos de empresas por estrangulamento económico e temos a noção da calamidade do endividamento das famílias, a banca apresenta lucros que em tempo algum conseguiu obter. Em tempo algum e em qualquer outro país da União Europeia.
Ou há aqui dois países, ou há duas sociedades ou há dois pesos e duas medidas.

Se as empresas estão estranguladas pela carga fiscal, pelos encargos de manutenção empresarial, pelas dificuldades de implantação dos produtos - onde a carga fiscal tem fatia importante - , pelas dificuldades na manutenção e encargos dos postos de trabalho, como é que pode existir um sector de actividade onde tudo isto não é, também, a sua realidade?
Aliás, antes pelo contrário, vivem faustosamente apresentando oficialmente lucros astronómicos.

Há aqui qualquer coisa que não bate certo.
Ou será que o sector financeiro privado é a única actividade lucrativa em Portugal?
E, quando digo lucrativa, refiro-me a lucros exorbitantes.
Ou será que uma grande fatia desses mesmos lucros representa, em si própria, a crise financeira das empresas em geral e das famílias em particular ?
È que hoje todos somos obrigados a recorrer ao crédito como forma de sobrevivência.

Nunca – em tempo algum!!! – a banca em Portugal obteve tais lucros.
Nunca – em tempo algum !!! – as empresas se viram na obrigatoriedade de recorrer, sistematicamente, ao crédito como forma desesperada de sobrevivência.
Nunca – em tempo algum !!! – as famílias tiveram de recorrer ao crédito pela falta de algo que, de uma forma ou de outra, sempre existiu : a poupança.
Nem as empresas têm fundo de maneio nem as famílias têm um cêntimo de poupança.

Aquele refrão da cantiga da resistência antifascista ( como eles se intitulavam…) que dizia:
-Eles comem tudo. Eles comem tudo e não deixam nada.
Não será agora que tem todo o cabimento?
Não é agora “que vêm os lobos pela madrugada” ?
Só que estes, nos dias de hoje, vêm à luz do dia e às claras…
Manuel Abrantes

Nota: eu sei que “os lobos” do refrão da música de José Afonso se referia à polícia politica do regime.


Comentários:
Meu Caro
Manuel Abrantes,
Sem dúvidas que, o meu amigo toca na questão fulcral: nem os particulares tem dinheiro aforrado, nem as empresas (pelo menos as mais pequenas e frágeis), neste regime libertário e irresponsável, conseguem sobreviver neste mundo de tubarões (os tais, neste caso, que comem tudo e não deixam nada).
Isso significa a meu ver, a bestialidade desses patéticos e neo-liberais capitalistas, que, não percebem que vivemos num mundo comum e, mais dia menos dia, quando acabarem os "carapaus" se irão eles próprios, devorar numa orgia cega e estúpida.
Muitas vezes penso, que estas pessoas são pessoas profundamente afectadas no seu amor-próprio, olhando apenas para o seu próprio umbigo, que as impede de ver que vivem em sociedade, rodeados de outras pessoas a quem estão a causar muito mal com a sua ambição.
Lá diz o ditado "quem tudo quer, tudo perde".
Tendo seguido de perto os acontecimentos do 25/4/74, nunca senti um tão grande afastamento entre os ricos e os pobres nem tamanha insatisfação com esse facto, como hoje sinto no nosso povo.
Caso houvesse um novo pronunciamento militar como houve dessa vez, as coisas não ficariam vermelhas de cravos, ficariam vermelhas, mas de sangue.
É impressionante como a cegueira quer desses banqueiros e capitalistas, quer dos políticos com ou sem acento no Governo, que não lhes permite ver o descontentamento popular que reina nas "hostes", é de uma suprema estupidez e cretinice.
Dizia-me um saudoso professor de Religião e Moral, Padre de fé e "profissão", que "um homem só, morre", querendo ele dizer que, quando nos isolamos da sociedade, morremos para com o resto dessa sociedade, acabando votados ao esquecimento e abandono.
Ora os "nossos" capitalistas, ao atingirem lucros escandalosos como esses, mais não fazem de que se "afastarem" e tornarem odiados pela restante sociedade, que lhes aumenta os lucros desmesuradamente à custa de perderem o seu pequeno pecúlio, quer em dinheiro, quer nos poucos bens que possuam.
Isto está a causar um enorme aumento de tensão, basta ver por essas ruas fora, a quantidade de anúncios de quem é obrigado, na sua maior parte, a pôr as casas à venda, muitas vezes por valores mais baixos do que compraram, para não perderem tudo a favor dos bancos, o mesmo se passa em relação às pequenas e médias empresas.
Ora se queremos construir uma sociedade mais "justa e democrática", não será dessa forma que a atingiremos, bem pelo contrário, e não virá longe o tempo, em que, estes capitalistas (se já não o fazem hoje), só conseguirão sair à rua, em carros blindados e protegidos por batalhões de guarda-costas.
Afinal tanto dinheiro para acabarem presos nas suas jaulas douradas.
Não lhes gabo a sorte.
Cumprimentos.
 
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