terça-feira, abril 08, 2008


RACISMO E OUTRAS ACUSAÇÕES EM JULGAMENTO
QUE SEJA RÁPIDO
MAS NUNCA EM PASSO DE CORRIDA



Tribunal de Monsanto, em Lisboa, quer que o processo esteja concluído em apenas duas semanas, o que a acontecer seria inédito na história judicial portuguesa.
Dr. José Manuel Castro, advogado de Mário Machado, líder dos Portugal Hammerskins, diz que prazo é impossível.
Segundo o DN fontes ligadas ao processo afirmam que será quase impossível cumprir estes prazos e que eles se ficam a dever em grande parte ao facto de a prisão preventiva de Mário Machado, o arguido mais conhecido, acabar em Junho

O advogado José Castro, em afirmações também ao Diário de Notícias, acrescentou que "a história deu-nos exemplos de casos de julgamentos feitos com fins políticos, mas em regimes totalitários. No nosso regime, eu não quero acreditar que isso possa acontecer, embora às vezes pareça que é isso que está a acontecer. E nós sabemos que, em política, muitas vezes o que parece é".

São 36 os elementos que irão ser julgados neste processo com acusações de discriminação racial, ofensas corporais e posse ilegal de armas.

Se for provado, com a clarividência necessária e sem deixar qualquer dúvidas ao cidadão comum que qualquer um deste crimes foram cometidos, que a Justiça actue em conformidade. Até porque, será mais um caso mediático que não deixará indiferente a atenção pública.

Pessoalmente, não estou contra a celeridade do processo. Mas não deixo, também, de achar estranho essa mesma celeridade. Isto, em termos comparativos com outros processos mediáticos que se arrastam há anos.

Concordo em absoluto com esta rapidez desde que tudo seja bem esclarecido e, se houver condenações, que não deixem dúvidas nem ambiguidades.

Agora que é inédito que um processo desta natureza seja resolvido em apenas duas semanas, isso, será inédito na história judicial portuguesa.

Mas, quem sou eu para duvidar.
Como cidadão acredito na Justiça Portuguesa. Aliás, quando deixarmos de acreditar na Justiça o melhor é “fechar as portas e apagar as luzes” deste lugar à beira-mar plantado. Isto, como se diz na gíria.
Manuel Abrantes

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Skinheads: «Nunca me considerei racista», diz Mário Machado

O líder nacionalista Mário Machado, um dos 36 arguidos a serem julgados por discriminação racial, assegurou hoje em tribunal que "nunca se considerou racista" e que "não tem qualquer ódio primário à raça negra" ou a outras.

Mário Machado, apontado também como líder do movimento "hammerskins" em Portugal, começou hoje de manhã a ser ouvido pelo colectivo de juízes, presidido por João Felgar, que deu uma grande amplitude ao arguido para expor as suas ideias, explicar comportamentos e esclarecer situações relacionadas com mensagens divulgadas na Internet e com as claques de futebol.

O principal arguido referiu no Tribunal do Monsanto, Lisboa, que o conceito de racialismo que aparece em algumas mensagens da Frente Nacional "é diferente do racismo", porque a primeira defende o orgulho de uma raça (que até pode ser negra) e o segundo significa "o ódio por outra raça".

Segundo Mário Machado, o racialismo "não impõe supremacia de uma raça sobre outra", nem em termos de "inteligência" ou de "aspectos físicos", dizendo que ele próprio "conhece negros que são melhores pessoas e mais inteligentes do que brancos".

"Nunca me considerei racista. Não tenho qualquer ódio primário à raça negra, mas tenho orgulho em ser branco", disse Mário Machado, justificando, em defesa do movimento nacionalista, que também no PS e PSD haverá "pessoas racistas, mas não é isso que faz deles partidos racistas".

O arguido admitiu, porém, ter "forte convicção" de que "há a propensão da raça negra para o crime", designdamente em Portugal, alegando que isso é "visível" na própria cadeia em que está preso, onde "só cerca de 25 por cento" dos detidos são brancos.

Mário Machado considerou que tem havido dualidade de critérios em torno destas questões, alegando que os "judeus sionistas são racistas", mas que, devido à protecção norte-americana, "nunca foram considerados racistas", apesar de se proclamarem como o "povo eleito".

"Somos contra os judeus sionistas", da mesma maneira que há judeus que são contra os judeus-sionistas, argumentou o arguido, criticando ainda a dualidade de critérios do Ministério Público (MP) quando as afirmações polémicas são feitas por outros quadrantes políticos.

O arguido lembrou que o presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, disse publicamente que não queria chineses e indianos na Madeira e que o MP não teve qualquer intervenção para punir a discriminação racial contida em tais afirmações.

Durante a sua audição, Mário Machado condenou os elementos "skinheads" que atacam e danificam cemitérios judeus ou sinagogas, apelidando-os de "nazis de Hollywood", admitindo que dentro do movimento "skinhead" existe o problema de impedir a entrada de pessoas que, por qualquer trauma, querem praticar a violência.

"Não há problemas que se resolvam com a violência", disse o arguido, justificando que os simpatizantes do movimento têm sido incentivados a colar cartazes, a realizar conferências e a "fazer o jogo da democracia", porque um dos objectivos é obter representação parlamentar, através de Pinto Coelho, dirigente do Partido Nacional Renovador (PNR).

Mário Machado defendeu, porém, que os nacionalistas "devem comprar armas", desde que por meios legais, invocando o "direito de auto-defesa" e serem o "último baluarte", num mundo cheio de ameaças e guerras entre facções e grupos.

Confrontado pelo juiz João Felgar com uma mensagem dos nacionalistas num "site" de que "os activistas de rua deveriam levar os paus", o arguido contrapôs que se tratou de "um apelo às armas em sentido figurado", apelando apenas à mobilização, pois na respectiva concentração em Coruche a GNR "não encontrou quaisquer paus" ou armas

"Admito que foi um uma expressão infeliz", disse Mário Machado, que, confrontado com outras mensagens divulgadas pelos meios electrónicos a apelar à violência inter-étnica, explicou as dificuldades de controlar um forum de ideias na Internet, que é de livre acesso.

Socorrendo-se de declarações públicas do comentador político Pacheco Pereira e do bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, o arguido reiterou no julgamento a ideia de que o seu processo tem contornos políticos, declarando-se "satisfeito" por saber que a maioria das pessoas o considera um "preso político".

Numa altura em que se preparava para criticar a procuradora que o acusou neste caso, a representante do MP no tribunal interveio para pedir ao colectivo de juízes que Mário Machado se cingisse "ao objecto do processo" e não "à actuação do MP".

http://diariodigital.sapo.pt/news.as...=327188&page=4
 
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