domingo, abril 05, 2009


A IGREJA CATÓLICA E OS SEUS PRINCÍPIOS


Recebi, há pouco, um comentário assinado por José António Saraiva relativo ao tema : “A Igreja e o uso do Preservativo” .
Por considerar de extrema importância, e com uma analise digna de registo, publico-o como peça na página principal.
È que há comentários que vale a pena ler e reflectir…


A POSIÇÃO da Igreja Católica relativamente ao preservativo tem dado pano para mangas.

O PROBLEMA de muitas opiniões que se exprimem sobre a Igreja Católica – e sobre o Papa, como seu máximo representante – é que algumas pessoas que não são católicas nem sequer cristãs queriam que o Papa dissesse o que elas pensam. No fundo, para essas pessoas, a Igreja deveria abdicar da sua doutrina e das suas convicções – para defender as posições dos não-_-católicos, daqueles que professam outras ideologias ou partilham outras ideias. Ora isto é obviamente um absurdo.

À Igreja compete defender as suas posições e a sua doutrina – e não as dos seus inimigos. E não pode transigir constantemente, sob o risco de se descaracterizar. Não pode seguir a moda. Não pode estar sempre de acordo com o ar do tempo. Por vezes, o seu papel é mesmo o contrário: é combater as ideias em voga.

E NISTO a Igreja distingue-se claramente do Estado. O Estado – os vários Estados nacionais – tem muitas vezes de se adaptar às circunstâncias, de transigir, de pôr em prática políticas duvidosas do ponto de vista dos princípios.

É o caso do aborto, da distribuição de seringas ou das salas de chuto. Ninguém pode dizer que abortar é bom; ou que é bom as pessoas drogarem-se. Os Governos fazem estas concessões em nome do pragmatismo. Embora discordando naturalmente do aborto ou do consumo de drogas, acham que, não conseguindo evitá-los, é preferível criar condições para que se façam da melhor forma possível. É aquilo a que tenho chamado as ‘políticas de capitulação’. Ou seja, a abdicação dos princípios em nome do ‘mal menor’.

ORA é evidente que a Igreja não pode seguir este caminho. Não pode enveredar pelo caminho do pragmatismo sem princípios. Não pode dizer: façam abortos com segurança, ou droguem-se com segurança. A Igreja tem de dizer: não façam abortos, não se droguem.
E o mesmo vale para os preservativos. A Igreja não pode dizer: tenham relações sexuais à vontade, mas façam-no com preservativo para não contraírem doenças. A Igreja tem de dizer: a relação sexual deve ser responsável, deve ter lugar no casamento, a promiscuidade sexual é má – e, por isso, tudo o que facilite essa promiscuidade é condenável.

A Igreja Católica não pode abandonar esta trincheira. Se o fizesse, se começasse a recuar na doutrina, arriscava-se qualquer dia a não ter razão de existir.

AQUELES que atacam o Papa tentando menorizá-lo, como se estivessem num plano superior, não percebem o ridículo em que caem. O Papa – nenhum Papa – diz o que diz por desconhecimento da realidade ou por descuido. Ou, ainda menos, por maldade ou indiferença perante os dramas humanos. Poucas organizações como a Igreja são tão sábias, têm tanta experiência acumulada.

A Igreja não diz o que diz por ignorância ou por lapso – mas porque lhe compete defender uma doutrina. Uma doutrina que não é de hoje nem de ontem, que tem dois mil anos, e que os católicos pretendem que dure para sempre.

E NÃO DEIXA de ser verdade que a sida, como outras doenças que têm flagelado a Humanidade, só pode combater-se com uma mudança de hábitos, com uma mudança de práticas, com alterações culturais. Com uma reforma de mentalidades. Com uma atitude mais responsável em relação à vida, menos hedonista, em que o prazer e o dever se articulem de uma forma mais equilibrada.

Não é preciso ter relações sexuais só para procriar; mas também não é preciso comportarmo-nos como animais, deixando que o instinto prevaleça sobre todos os outros valores.

O preservativo pode ser hoje um paliativo, uma solução de recurso – mas não é ‘a solução’. A Humanidade não o pode ver como a solução para a sida. Ora, ao falar do preservativo como fala, a Igreja chama a atenção para isso: recusa-se a aceitar a promiscuidade e o facilitismo, põe a tónica nos valores e na responsabilidade do ser humano.

Só não percebe isto quem não quer.

OS COMUNISTAS gostariam que a Igreja defendesse as suas ideias. Os socialistas gostariam que a Igreja defendesse as suas ideias. Os libertários gostariam que a Igreja defendesse as suas ideias. Mas o que a Igreja tem de defender é a sua doutrina – e não as ideias dos outros. Se não constituísse uma voz diferente, para que serviria a Igreja?
Se não fosse um contraponto, um referencial de certos valores e princípios, para que serviria a Igreja?

E se a doutrina da Igreja é contra a promiscuidade sexual, se é favorável a outro conceito de relação sexual associada ao amor e à fidelidade, não pode defender o preservativo ou as seringas – que têm que ver com outras práticas e com outra visão do mundo e das relações humanas.

A Igreja não pode dizer: usem o preservativo, porque essa é a forma de poderem ter relações sexuais sem risco. Como não pode dizer: usem seringas novas, porque essa é a forma de poderem injectar-se sem se infectarem.

OS ESTADOS, os Governos, aos quais compete gerir o quotidiano, podem defender tapa-buracos, soluções transitórias, de recurso. Mas esse não pode ser o papel da Igreja. A Igreja tem de olhar para mais longe. Tem de defender e preservar uma doutrina assente em ideais e comportamentos que não valem só para hoje ou para ontem. Ideais e comportamentos que não podem mudar, como as leis, ao sabor das circunstâncias.

José António Saraiva

Comentários:
Parabens ao Dr José António Saraiva pelo seu excente texto.
Mário Contumélias
 
Sem duvida esclarecedor no plano dos principios,claro,como o brilhantismo do seu autor nos habituou.
Mas,e há sempre um mas,não deveria Sua Santidade ter escolhido outro sitio,que não Àfrica para defender tais trincheiras?
Ou será que os Africanos perceberam a mensagem teológica?
Não creio...
O que entenderam é que "perservativo não" e ponto final.
E aí,sua Santidade não esteve bem.
Não se trata de uma questão de transigência.Nem de capitulação.Nem de pragmatismo.
Trata-se simplesmente,de uma questão de terreno bom-senso.
E tal também é um atributo de Sua Santidade.
Sardoal
 
Perante o que aqui foi escrito pelo Dr. José António Saraiva,
nada há mais a acrescentar, pois efectivamente a Igreja, segundo S. Paulo, é a multiforme sabedoria de Deus (Epist. aos Efésios 3:10), logo os seus líderes eclesiásticos e representates da Igreja de Jesus na terra, não poderão de modo algum ir contra a vontade do próprio Deus, quer seja na Europa, em África ou noutro sítio qualquer.

Se é pecado ou transgressão o mesmo tem que ser exposto, pois Deus ama o pecador, mas aborrece o pecado.

Gostaria de acrescentar de que esta não é a opinião do PNP, mas sómente do seu 1º signatário.
 
Este blogue é uma chatice!

O Nacionalismo é aborrecido!

A democracia é aborrecida!

A política é muito complicada e chata! A economia é sempre o mesmo: está tudo mal, está tudo mal, vai piorar!

A Igreja não manda em ninguém.
O António Saraiva não tem nada que se meter onde não é chamado.

Estavam melhor se cada um se metesse na sua vidinha, trabalhasse bem e mandasse a merda da conversa e dos fetiches com Hitleres e Estalines p'ró espaço e mais além.


Viva e até depois, Manel!
O gajo da Alfama.
 
Temos aqui algumas pérolas neste texto:
1º: "À Igreja compete defender as suas posições e a sua doutrina – e não as dos seus inimigos"...ora portanto, os outros, discordantes de algumas atitudes da igreja, são inimigos..."Amai-vos uns aos outros" pois claro...
2º: "A Igreja não diz o que diz por ignorância ou por lapso – mas porque lhe compete defender uma doutrina. Uma doutrina que não é de hoje nem de ontem, que tem dois mil anos, e que os católicos pretendem que dure para sempre."...então estão -se a esquecer da "doutrina" da inquisição...e que tal lembra-los?
 
A IGREJA ( O CRISTIANISMO) NAO TEM QUE MUDAR !
A IGREJA DEIXARIA DE SER IGREJA SE, PARA AGRADAR A GREGOS E A TROIANOS ALTERASSE TUDO AQUILO QUE VEM PREGANDO A SECULOS.

OBVIAMENTE DE VEZ EM QUANDO TEM DE SE AJUSTAR AS CONDICOES DO PRESENTE MAS SEM ALTERAR A SUA DOUTRINA DE FUNDO.

A IGREJA ( QUALQUER DELAS) NAO PODE ACTUAR NUNCA COMO AS ORGANIZACAOES POLITICAS SECULARISTAS DE HOJE QUE PROMETEM E ALTERAM TUDO -- NEM VALE A PENA SEQUER TER PRINCIPIOS ! PARA QUE ? -- PARA SERVIR OS DESEJOS E ABERRACOES DE CADA UM.

QUEM NAO GOSTA DA IGREJA OU DA CRISTANDADE PODE SAIR E FILIAR-SE NUM DOS MUITOS PARTIDOS POLITICOS QUE ESTAO POR DETRAS DOS CULTOS MODERNOS...O MOVIMENTO ECOLOGICO , A EUGENIA -- ABORTO, EUTANASIA, ETC...-- A DEFESA DO CLIMA, ETC...ETC...QUE SAO NO FUNDO FORMAS DE UM CULTISMO RELIGIOSO NEO-PAGANISTA, CRIADOS POR SECULARISTAS PARA GENTES QUE PRECISAM DE ACREDITAR EM ALGO SUPERIOR A ELES MAS QUE NAO SABEM BEM O QUE QUEREM NEM TEM A DISCIPLINA PARA SE INTEGRAR NUMA IGREJA!

A IGREJA SOBREVIVERA TODOS OS "ERSATZ DE CRISTIANISMO" SECULARISTAS INVENTADOS POR PENSADORES POLITICOS ASTUTOS PARA ATRAIR AS MASSAS.
COMUNISMOS, SOCIALISMOS, ETC...NAO PASSAM DE IMITACOES BARATAS E FALSEADAS DO CRISTIANISMO PARA ENGANAR E ATRAIR AS MASSAS E USA-LAS COM FINS E OBJECTIVOS QUE NADA TEM QUE VER COM O SATISFAZER A ESPIRITUALIDADE E A FE INDIVIDUAL.
 
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